DESAFIOS DA PANDEMIA

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Me chamo Francisca Timbó, fui convidada para escrever uma coluna nesse magazine online e essa é minha estreia, espero que gostem.

Sou bailarina há mais de 40 anos, moro no subúrbio carioca há 33 anos e desde de então saio de casa para trabalhar de segunda a sexta, sempre de transporte público, com muita raça e amor pela profissão.

AULA DE BALLET NO SESI

Aula de ballet no SESI Ceará, com o professor Dennis Gray, meu amado mestre. Eu sou a primeira da esquerda. Foto de Celso Pereira em 1974.

Foi quando que em março desse ano a pandemia causada pelo novo corona vírus mudou minha forma de viver e trabalhar. Confesso que paralisei ao pensar: e agora? Como será minha vida profissional nesse novo cenário cheio de incertezas e restrições?

Como uma coreografia improvisada, comecei a dar aulas com meu celular de 2016 e com um aparelho de som antigo, desses que ainda tocam CDs ... foi um período bastante difícil, era quase impossível ver todos os alunos mas mesmo assim continuei em frente. A paixão pela vocação e a necessidade de sustento renovavam a cada dia minha força e esperança.

Foi aí que minha filha mais velha Isadora (sim, em homenagem à Duncan, mas essa é outra história :) me deu um laptop de presente, e sem ter a menor intimidade com aparatos tecnológicos, comecei a me aventurar e aprender a ministrar aulas virtuais. Essa época coincidiu com o período que minha filha mais nova, Marcela, teve seu trabalho suspenso e foi passar um tempo morando comigo. Ela me ajudou a encarar esses desafios tecnológico e estava sempre do meu lado me apoiando quando a tela congelava ou a internet caia, ou alguma outra coisa acontecia e não sabia como solucionar. Essas duas foram e são meus anjos protetores, me fizeram e fazem seguir na batalha. Registro aqui minha gratidão e amor eterno que só se fortaleceram nesse período incerto que vivemos.

Os dias de trabalho estavam intensos, ao final do dia quase chorava de tanto cansaço. Dores nos joelhos e tendões começaram a me mostrar que ainda precisaria de mais adaptações dessa vez no espaço físico. Foi quando, com a ajuda de um grande amigo, resolvi fazer um chão flutuante na minha salinha, mais apropriado para os pulos e passos de impacto.

Aos poucos fui criando condições e tudo melhorou 100%; Estou gostando muito de trabalhar de casa, perco menos tempo com deslocamento (cerca de 4 horas diárias) e me sinto mais segura de não expor a mim e meus familiares aos riscos da pandemia.

AULA ADAPTADA

Toda feliz na minha sala de aula adaptada! Foto de BalletTimbó em 09/2020.

Gostei tanto de trabalhar em casa online que usei essa crise como oportunidade e, em parceria com uma pessoa muito querida, a Flavia Pozzi, começamos a dar corpo e alma para um projeto que eu já tinha em mente há vários anos, mas que sempre me faltou incentivos e tempo para me dedicar. O projeto se chama BalletTimbó (@ballet.timbo), a ideia é levar o ballet para todas as pessoas que tem vontade de dançar, mas que nunca conseguiram começar, ou que estão paradas mas querem voltar, ou mesmo apenas para quem quer seguir com aulas virtuais, como é o caso de algumas alunas que estão morando fora do Rio de Janeiro, fora do Brasil.

A Pandemia me mostrou que não existem barreiras para a arte. Com muita adaptação e resiliência podemos continuar desenvolvendo nosso trabalho e levando a dança como uma ferramenta de bem-estar para as pessoas. Como resultado de tudo isso, esse mês estou lançando meu primeiro curso virtual, *Meu Pliê*, um curso iniciante básico, para adultos com aulas gravadas e ao vivo, para saber mais segue meu perfil no instagram ou facebook: *@ballet.timbo* ou me envia um email: *ballet.timbo@gmail.com*.

BALLET TIMBO