CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE

CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE

ter, 19/01/2021 - 02:02
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Mulheres negras

 

Ei, você ? Sim ! , você mesmo. 

Tá ocupado ou podemos conversar um pouquinho ? 

CONVERSAR 

substantivo feminino 

Diálogo; troca de palavras, de opiniões, de ideias, de informações entre duas ou mais  pessoas sobre algo abstrato ou determinado.

Sei que mesmo vivendo nesse estado pandêmico temos sempre muito o que fazer : regaras plantas, experimentar aquela receita nova de pão , ler aquele livro esquecido na estante , arrumar aquele ninho de gato de papéis vários enfiados numa caixa de papelão, há anos repousando sobre o guarda-roupas...mas isso tudo pode esperar mais um
pouquinho. Garanto que tem coisa muito mais importante a fazer. Dúvida?

Você conhece a usa história ? Tem certeza ? 

Então, me diga, qual era o nome de seus bisavós ? Dou-lhe 5 minutos para me responder.  Não sabe, né ? Pois é….e a vida deles, as histórias deles, resultaram em você e é mais  do que justo que você os conheça . É o seu DNA  portanto, a sua história. 

Sabemos que por causa do tal Rui Barbosa nós, afro-descendentes, não sabemos as  nossas origens e antes que outro maluco resolva reeditar o feito de Rui, vamos  conversar ?

Seguindo o modelo “Griôt”, que tal aproveitar o churrascão na laje, depois de todos  vacinados, é claro, e pedir aos mais velhos que tragam aquelas caixas cheias de  fotografias amareladas , desbotadas mesmo, cheirando a naftalina e esquecidas em  alguma gaveta. Nelas, imagens de casas simples com latas velhas transformadas em  vasos de plantinhas como arruda, puejo, boldo, alecrim, bons remédios , e flores, pra  enfeitar a casa, de paredes caiadas e chão batido.Caminhada dura, difícil mesmo mas  com amor e alegria. 

Adyel

Fotos mais nítidas, não tão amarelas mas ainda em preto e branco , mostram  casamentos, batizados , penteadeiras com o ferro de alisar ao lado do pote de vaselina.  Chique era ter o cabelo alisado que as moças mostravam sorridentes nas fotografias,  apesar do sofrimento das queimaduras no couro cabeludo provocadas pelo pente de ferro  quente. Princípio da chapinha. Era sempre o mesmo ritual na casa da cabeleireira que  atendia aos sábados as filas imensas. As formaturas dos cursos de corte e costura, de  datilografia também foram registradas ao lado de pais e parentes orgulhosos de seus  filhos que já não teriam que vivenciar as mesmas agruras...

Black Power

E aquelas fotos dos bailes, das bocas de sino, dos cabelos “blequepau” ? Um sucesso  faziam as roupas compradas a prazo na loja Piter, atrás do Teatro Municipal. Os bailes  eram divertidos e muitos romances começaram ali...outros terminaram mas quando  acabava o samba o dj logo colocava uma lenta e um novo romance tinha começo.Uma  coisa que nossos antepassados sempre souberam fazer foi viver ao máximo as alegrias  através das piadas , da música, da dança, da pelada antes do barulhento almoço de  família.Celebravam o contador e a professora que a família formara. E esses formaram engenheiros, arquitetos, médicos, sociólogos, biólogos e seremos mais  e mais em fotos que ainda serão tiradas, com certeza ! 

Olhar para trás é preciso, é maravilhoso. Caminhamos a passos lentos mas avançamos,  apesar dos pesares. 

Black Lives Matters e a sua, MUITO MAIS. 

Conhecendo a SUA história você pisará com mais orgulho e propriedades. Acredite.